domingo, 29 de agosto de 2010

Grupo conservador, liderado por Glenn Beck, um Santo dos Últimos Dias, ocupam Washington 47 anos após discurso de Luther King

WASHINGTON — Milhares de membros de um grupo ultraconservador com tendências populistas, ocuparam neste sábado ao Lincoln Memorial de Washington, 47 anos depois do famoso discurso de Martin Luther King "Eu tive um sonho".
A reunião do movimento, de maioria branca e cristã, foi liderada por Glenn Beck, um animador de programas de rádio e talk shows no canal Fox News, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Ao discursar para a multidão, Beck disse que os Estados Unidos estão em "uma encruzilhada", e pediu ao povo americano que volte "à fé, à esperança e à caridade".
"Hoje devemos dizer quem somos, no que acreditamos. Devemos avançar ou perecer. Eu escolho avançar", disse para a multidão ao longo do Lincoln Memorial.
Beck estimou que entre 300 mil e 500 mil pessoas compareceram ao ato em Washington.
A ex-candidata republicana à vice-presidência dos EUA, Sarah Pallin, ícone dos conservadores, tomou a palavra para garantir que sentia "o espírito de Martin Luther King".
Palin, que muito apontam como possível adversária de Barack Obama nas próximas eleições, homenageou as tropas americanas em missão no exterior.
Sobre a data do protesto, Beck esclareceu em seu blog que "não era minha intenção escolher o 28 de agosto por causa de Martin Luther King; é o dia que fez seu discurso, mas não tinha nenhuma ideia até anunciar a data do evento".
"Os brancos não são proprietários da memória de Abraham Lincoln, e os negros não são donos da memória de Martin Luther King", acrescentou, atribuindo a coincidência à "divina providência".
Os jornais e blogs de esquerda não deixaram de criticar a escolha.
Ultraconservadores não têm piedade com os déficits do governo federal escavados, segundo eles, para enfrentar a crise econômica, salvar os bancos, e financiar a reforma do seguro-saúde de Barack Obama.
Lançado em 2009, após a eleição do primeiro negro presidente americano, o movimento se inspira nos revoltosos de 1773 descontentes com os impostos cobrados pelo Império Britânico sobre o chá.
No meio da multidão uniformemente branca, de todas as idades e coberta por um mar de bandeiras estreladas, manifestantes acusavam o presidente Obama de pisar nos valores da América.
"Queremos que nosso país retorne a seus princípios fundadores", declarou Lou Tribus, um apossentado vindo do Tennessee (sul).
"Acho que Martin Luther King estaria de acordo conosco", falou Dawn, uma comerciante de 47 anos vinda da Virgínia e que se recusou a dar o sobrenome. Ela disse não temer um confronto com partidários de Martin Luther King que preveem se manifestar perto dali.

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