"Minha família inteira ficou mais feliz e unida, o dia foi perfeito para nós", disse a voluntária Rosangela.
"Nossa, é a primeira vez que eu vejo algo assim!" Foi desta forma admirada, que se referiram o diretor da Escola João Durval Muller, Hélio Laurindo e respectivamente, a secretária, Kátia Jardim, aos trabalhos desenvolvidos pelos voluntários do Programa Mãos Que Ajudam, de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, de Blumenau, no domingo, 11 de setembro, quando ainda as águas do Rio Itajaí-Açu, com o nível em 10 metros, baixavam lentamente.
Conforme destacou o diretor da escola, uma das credenciadas no município como abrigo em caso de calamidade pública, o trabalho que poderia demorar pelo menos uma semana para ser concluído foi realizado em cerca de três horas. "Tenho poucos funcionários e não sabia nem por onde começar a organizar tudo, já que amanhã, pretendemos retomar as aulas", justificou.
A responsável pelo preparo da alimentação de 43 pessoas abrigadas no local durante quatro dias, Rosana Sens, também sentiu-se aliviada ao ver que, além de todas as atividades realizadas, os voluntários não foram embora sem antes limpar o ambiente. No dia seguinte, a cozinha voltaria a ser usada para preparar a merenda dos 783 alunos matriculados nesta unidade de ensino.
Sabendo dos problemas, após a reunião sacramental no dia 11, o presidente Gaspar E. Mayer, da Estaca Vale do Itajaí, junto com o bispado da Ala Blumenau e membros do Conselho de Assuntos Públicos, fizeram contato com o secretário de Assistência Social, da Criança e do Adolescente (Semascri) de Blumenau, Mário Hildebrandt, que nesses momentos atua também como representante do Gabinete de Crise da Prefeitura, a fim de identificar onde os serviços poderiam ser realizados. Hildebrandt marcou encontro com os voluntários no início da tarde na escola para definir as ações.
Parte de um grupo auxiliou no colégio, empacotando, carregando a mudança das famílias, limpando as salas e arrumando o mobiliário escolar. Outra parte dos voluntários foi para a Central de Donativos da Prefeitura montar as cestas básicas.
Num cenário como esse, onde mais uma vez se registra uma enchente acompanhada por alguns deslizamentos de terra em Blumenau e as pessoas, num estado de muita fragilidade, é quase impossível descrever a situação em palavras. São diversos exemplos, tanto entre quem serve quanto entre aqueles que recebem a ação.
Durante aquela tarde de domingo, que representava um momento de incertezas para esta comunidade, ainda foi possível perceber acesa a esperança no olhar de um *pai de família, que estava sendo transferido para outra moradia provisória. Após acomodar a esposa e os filhos no microônibus, que os encaminharia até o próximo abrigo, ele voltou à sala que ficou nesse período a fim de buscar alguns dos pertences que restara do deslizamento da casa, situada na Rua Cristina, Bairro Velha. Em segundos, carregou uma televisão de 24 polegadas, um pouco suja de barro nas laterais, até o caminhão que levaria a mudança das 43 pessoas para o outro lado da cidade.
Antes de saírem da escola, o diretor deu cartão com seu contato para o bispo, agradecendo pelos serviços prestados e manifestando a vontade de realizar outras atividades em parceria com a Igreja. A secretária concluiu: "Nesse grupo tem gente de várias faixas etárias, idoso, jovem e crianças. Nunca vi pessoas servindo com tanta alegria e disposição, como vocês. Incrível!" Bispo Rodrigues citou projetos que a Igreja desenvolve e se dispôs a realizar outras ações com a comunidade escolar. Sobre esta experiência, relatou: "Foi uma correria, mas importante estarmos presentes para dar, acima da ajuda física, alento àqueles que precisam". Como ele, incansável, a presidente da Sociedade de Socorro, irmã Flávia Martins também deu apoio incondicional ao projeto reunindo quem podia a fim de demonstrar que realmente, a caridade nunca deve falhar.
(*) Nem o nome e imagens das famílias atingidas foram colocados na matéria, para preservar a identidade, conforme previsto em lei, devido à situação que se encontram.
Central de Doações
Quase no final da tarde, os voluntários saíram da escola na região sul de Blumenau, para ajudar o grupo que estava na Central de Doações - região norte da cidade-, a montar mais cestas básicas. Lá, dezenas de pessoas se revezavam a fim de embalar os kits com alimentos não perecíveis. Os voluntários do Programa Mãos Que Ajudam unidos à Equipe do Barney, "Gincaneiros", conhecidos no município pelas atividades que desenvolvem durante as comemorações do aniversário da cidade (em 2 de setembro), prepararam 800 cestas, num total de 1.500, que seriam distribuídas algumas horas depois, como parte do atendimento emergencial para os atingidos.
A jovem Pâmela Cruz, membro da Igreja desde no início do ano, fortaleceu o testemunho participando do projeto. Entusiasmada, expressou: "Tenho plena certeza que o Senhor sabe o que faz e sei que se eu estivesse nessa situação, Ele colocaria pessoas no meu caminho pra me ajudar também. Não vou dizer que não tenha sido cansativo, mas fiz de coração!" Ela disse que enquanto estavam na central, o secretário de Assistência Social passou ali, logo que saiu do abrigo na Escola João Durval Muller, para acompanhar os trabalhos e agradecer aos voluntários pelo apoio.
Rosangela Vieira Cassenote, que é professora dos jovens na ala, também compartilhou: "Foi um privilégio participar desta ação. Ficou nítido para mim, ver a mão do Senhor agindo por meio das pessoas dispostas em ajudar. Senti que fui muito mais abençoada com esta experiência. Minha família inteira ficou mais feliz e unida, o dia foi perfeito para nós. Minha cunhada de 12 anos comentou na volta para casa que gostou muito de servir, pois sentiu-se útil. Foi uma forma de mostrar gratidão pelas muitas bênçãos que temos recebido, embora jamais tenhamos como retribuir à altura".
Itajaí - Foz do Rio Itajaí
Desde a última quinta-feira, dia 8 de setembro, quando as notícias apontavam para uma possível cheia em cidades que compõem a Bacia Hidrográfica do Itajaí, devido as fortes chuvas e o nível do rio que se elevava, o 1º conselheiro da Estaca, presidente José Adriano da Silva, enviou boletins com as informações obtidas nos órgãos de Defesa Civil dos municípios e do Estado (www.defesacivil.sc.gov.br) para todos os contatos das sete unidades da Estaca.
Diante da situação, presidente Silva contou: "Já que as previsões não eram nada animadoras quanto ao risco de enchente, colocamos o `plano de prevenção´ em prática e assim nenhum membro ou amigo da Igreja foi surpreendido pelas águas que avançaram cidade à dentro, como ocorrera no evento de 2008, quando 80% da cidade ficou embaixo da água. Desta vez, através de uma força tarefa, tivemos tempo não só de evitar a perda de bens materiais, mas principalmente, de preservar vidas. Em Itajaí, o estrago só não foi superior com esta enchente, devido algumas medidas preventivas tomadas pelo poder público na cidade como a instalação de galerias de micro drenagem e o aprofundamento do calado do Rio Itajaí-Açú. Com estas ações, apenas 30% da cidade litorânea ficou alagada".
Cidades mais atingidas pelas enchentes em Santa Catarina (*):
Aurora; Agronômica; Blumenau (*); Brusque (*); Itajaí (*); Ituporanga; Laurentino; Lontras; Presidente Getúlio; Rio do Sul; Rio do Oeste;
Taió e Trombudo Central
Os dados mais atualizados do Estado apontam que 99 municípios sofreram os impactos das enchentes; 53 estão em situação de emergência e 11, declararam estado de calamidade pública. São 978.070 pessoas afetadas em Santa Catarina, 162.237 desalojadas, 15.357 desabrigadas, 170 feridas e 3 mortos em Guabiruba, Itajaí e Laurentino. (Fonte: Defesa Civil de Santa Catarina)
* Municípios com unidades da Igreja, que pertencem à Estaca Vale do Itajaí.
Fotos/Crédito: Janete Monteiro e Pâmela Cruz
Fotos enchentes - Parceria com fotógrafo Rogério Pires - Assessoria de Imprensa - Prefeitura de Blumenau
Texto: Janete Monteiro - Dir. Assistente de Relações com a Mídia - Assuntos Públicos - Estaca Vale do Itajaí
Nei Garcia
Assuntos Públicos
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