O ano de 2011 foi o grande ano da destituição da influência maléfica de déspotas e terroristas violentos e sangrentos, começando por Osama bin Laden, Hosni Mubarak e passando por Anwar al-Awlaki e agora com o tirano líbio Muamar Kadafi.
Muitos do ocidente tem respondido de maneira adequada a estes eventos, enquanto outros tem respondido de maneira vingativa.
Quando Osama bin Laden foi morto, no início de maio, muitos norte-americanos e outros do mundo ocidental sentiram uma sensação de alegria e triunfo - alguns literalmente dançaram e comemoraram nas ruas. Mas outros tiveram uma visão diferente da notícia da morte de Bin Laden, a partir da perspectiva da fé, citando o conselho do salmista que diz: "Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem se regozije o teu coração ..."
"Todas as pessoas de boa vontade devem estar satisfeitas de que Bin Laden não é mais uma ameaça, e que sua morte pode enfraquecer ainda mais os planos terroristas e suas aspirações", disse R. Albert Mohler Jr., presidente do Seminário Teológico Batista (EUA) em Louisville. "Mas fazer uma celebração patriótica aberta nas ruas? Isso parece muito mais vingança aos olhos do mundo, e parece muito mais que nós estamos simplesmente tomando satisfação com a morte de um inimigo. Esse tipo de vingança apenas produz maior número de inimigos."
A morte recente de Kadafi levou a introspecção semelhante na comunidade religiosa internacional.
No Blog On Faith, Susan K. Smith, Líder protestante, questiona: "O mandamento da doutrina cristã, para abrirmos espaço para a compaixão é até mesmo para um vilão como Kadafi?"
"Assim como quando Osama bin Laden foi morto, estou aliviada que Kadafi não será mais capaz de aterrorizar o mundo," escreveu Susan. "Mas também sei que suas mortes não são o fim do terrorismo nem o fim de líderes corruptos."
Ela cita a história do Antigo Testamento de Moisés conduzindo os filhos de Israel através do Mar Vermelho e do mar engolindo os seus perseguidores egípcios. Teria sido impróprio para os israelitas a se alegrarem com a morte dos egípcios, "porque os egípcios eram filhos de Deus também."
"Este Deus de todos nós, se somos cristão, judeu ou muçulmano, tem compaixão por todos nós, e, aparentemente, chora quando qualquer um de nós caímos," disse Susan.
"Todo mundo sabe que ele fez coisas abomináveis durante seu tempo como um líder", escreveu ela. Mas ela argumenta para que as pessoas religiosas não fiquem fora do alinhamento de como Deus gostaria que tratássemos uns aos outros.
Recentemente a Kuma Games , empresa que transformou a captura e morte de Osama bin Laden em um video game, anunciou uma versão do jogo de computador para a morte de Kadafi, que deve estar disponível ainda este semana.
Rachel Wagner, professora de religião e cultura no Ithaca College, escreveu que o impulso imediato da "Kuma Games" de criar um jogo sobre a morte de Kadafi pode significar mais do que apenas uma jogada de marketing.
"O desejo de traduzir eventos, como as mortes de Kadafi e Bin Laden, em jogos também é parte do que poderíamos chamar de ordenação de algorítimo: a tentativa cultural de simplificar complexas questões históricas e sociais em padrões que nós podemos reconhecer e dar sentido", escreveu ela. "Normalmente, isso é feito reduzindo enormemente os contextos variáveis e históricos envolvidos e efetivamente transformando acontecimentos vividos em jogos com regras previsíveis, "bandidos ou vilões" derrotáveis e a esperança de uma comemoração de uma "vitória épica ".
Infelizmente, Wagner aponta, "a vida real é, ou deveria ser, mais complicada", e ela conclui que jogos como este são perigosos.
"Alguns eventos", diz ela, "não são apenas jogos."
Em Angola, a presidente Dilma Rousseff comentou a morte do ex-ditador líbio Muamar Kadafi, afirmando que não se deve comemorar a morte de "qualquer líder”. Dilma disse que a Líbia passa por um processo de transformação democrática e que deseja que os países tenham a capacidade de “viver em paz e com democracia”.
“Acho que a Líbia está passando por um processo de transformação democrática. Agora, isso não significa que a gente comemore a morte de qualquer líder que seja” disse a presidente à Agência Brasil. “O fato de a Líbia estar em um processo democrático é algo que todo mundo deve, acho que não é comemorar a palavra, mas apoiar, incentivar e, de fato, o que queremos é que os países tenham a capacidade de, internamente, viver em paz e com democracia”, acrescentou.
Na realidade não devemos comemorar o assassínio de qualquer pessoa! E aplaudir e repetir gestos que outrora eles faziam com seus inimigos é equiparar-se a eles. Um líder religioso recentemente disse: "Diante da morte de um homem devem sempre prevalecer sobre os sentimentos de piedade cristã, assim como humano. Portanto, não é possível se alegrar por um epílogo, a morte do coronel Kadafi"
O assassinato de Kadafi foi horrível, filmado e transmitido quase "ao vivo" para todas as nações. Ainda, na Internet, circulam fotografias do tirano apodrecendo em um galpão frigorífico. Mesmo que ele tenha sido terrível e sanguinário, será motivo de comemoração sua morte? Certamente é uma alegria para os líbios pela esperança de um novo começo, mas não pela maneira que foi o fim do ditador.
O Presidente Brigham Young comparou certa vez o fato de ficarmos ofendidos à picada de uma serpente venenosa. Ele disse: “Há dois cursos de ação a seguir quando se é picado por uma cascavel. A pessoa pode, por um sentimento de raiva, medo ou vingança, perseguir a criatura e matá-la. Ou pode-se apressar para tirar o veneno de seu corpo.
Ele disse: “Se seguirmos o último curso é bem provável que sobrevivamos, mas se tentarmos seguir o anterior, pode ser que não vivamos o suficiente para concluí-lo”.
Enfim, Kadafi foi um tirano ditador - ele também terá que passar pelo julgamento de Nosso Pai Celestial.
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