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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Jornal "O Regional" entrevista voluntário mórmon em Santa Maria


Fernando Rodrigues, membro d'A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons) realiza trabalho voluntário desde a última semana, quando a boate Kiss foi incendiada. Por ser um catanduvense, o jornal local de Catanduva/SP entrevistou-o e veiculou a matéria domingo dia 03 de fevereiro. Leia os trechos em que Fernando fala sobre a Igreja e seu importante trabalho. 


O Regional: Como você ficou sabendo da tragédia na Boate Kiss?
Fernando: Assim que acordei por volta das 7 horas para ir à Igreja , ouvi as sirenes, como moro perto e vi fumaça, me informei no facebook sobre o que estava acontecendo.

Regional: Quando você ficou sabendo do incêndio, qual foi sua primeira iniciativa?
Fernando: Quando fiquei sabendo, não parecia algo tão grande então fui à Igreja, lá as informações começaram a chegar, quando as coisas começaram a ser esclarecidas fui me oferecer como voluntário no ginásio onde as vitimas estavam. 

O Regional: Você faz parte de um projeto de voluntários? 
Fernando Sim! Um programa permanente de ajuda humanitária e de serviço comunitário, que mobiliza milhares de voluntários de todas as idades, membros d´A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, no Brasil, estendendo a mão a quem precisa. Projeto Mãos que Ajudam, em parceria com outras entidades, instituições religiosas, empresas privadas, órgãos governamentais ou organizações assistenciais, levamos alento aos menos favorecidos em asilos, orfanatos, creches, ruas e onde houver necessidade. Por meio de serviço altruísta, doamos parte do nosso tempo para levar esperança onde existe aflição, alívio onde há dor e amor onde há desprezo. Estamos sempre prontos para ajudar a limpar, reformar e fazer a manutenção de escolas e outros lugares públicos, preservar o meio ambiente, apoiar campanhas comunitárias e participar de projetos que visem a conservar o bem coletivo.

O Regional: Qual o seu papel durante esses dias?
Fernando: Assim que cheguei ao Ginásio fui ajudar os peritos no reconhecimento, logo depois na remoção para os agentes funerários, colocando eles em caixões e ajudando no procedimento, assim que terminou o reconhecimento e entrega dos corpos aos familiares fui para o ginásio do velório ajudar por lá, onde distribui água, barras de cereal e alguns lanches a familiares e amigos, passei a noite por lá. Na segunda permaneci no funeral, enviando lotes de alimentos aos cemitérios na parte da tarde, após o último sepultamento segui para a caminhada em homenagem às vítimas que reuniu 35 mil pessoas e distribui água com a equipe do Mãos que Ajudam, voltei ao Ginásio para ato ecumênico e limpeza do local. No dia seguinte me dirigi ao hospital onde me juntei a outros voluntários para acolhimento aos familiares, onde juntamente com o também universitário Cezar Augusto Vieira Jr, coordenamos a equipe de voluntários do local que chega a mais de 1.000 inscritos. 

O Regional: Como foi ver as famílias desesperadas? Você ajudava a confortá-las?
Fernando: No dia, todos pareciam meio desesperados, todos muitos chocados e abalados, principalmente a cada lista de nomes do pessoal que estava nos hospitais, se não estivesse provavelmente a pessoa estava entre as vítimas. Não houve de inicio como falar com a família, um apoio psicológico foi montado com mais de 50 psicólogos só tinha contato quando ia entregar os corpos e tudo era muito rápido devido ao grande número.

O Regional: Como tem sido sua rotina nos últimos dias?
Fernando: Entrei no hospital na segunda e continuo por lá, revezo em escalas com o outro coordenador, mas sempre tendo que estar os dois no período da noite, tenho "folga" de nove horas por dia.

O Regional: Você conhecia a Boate Kiss, era famosa na cidade?
Fernando: Nunca fui na Kiss, porem não tem quem não conheça a boate, na região é a mais famosa por aqui, aparentemente com a melhor estrutura e design. A maioria dos universitários frequentava , ela fica bem no centro da cidade a 3 quadras de onde moro.

O Regional: De alguma maneira, você acaba representando Catanduva e mostrando boas ações diante de tal tragédia. Como é para você lidar com essa situação?
Fernando: Na realidade nunca pensei sobre isso, não pensei no que poderia repercutir eu apenas pensava: Tenho que ajudar, eu posso fazer algo e vou fazer algo. Claro que todos sabem que sou de Catanduva, o sotaque entrega. Era uma boate frequentada por estudantes, muitos do meu próprio campus e penso; Se fosse na minha cidade, comigo ou com meus amigos? Todos sabem aqui agora que catanduvense é solidário e caridoso, mesmo que só tenha as mãos para ajudar.

O Regional: Você tem acompanhado as famílias nos hospitais? Como está sendo?
Fernando: Sim tenho acompanhado cada uma delas, vejo com elas os boletins médicos celebramos juntos cada melhora ou alta. O difícil são os casos graves que não sabemos quando saíram ou se saíram dos leitos, mas estamos ali como famílias emprestadas gerando esperança.
Passo boa parte da noite conversando com os familiares, eles estão sim abalados porém o desespero tem dado lugar a fé.

O Regional: Qual a importância desse trabalho voluntário para você?
Fernando: Aprendi com minha mãe que se você é capaz de ajudar por que não o fazer, as pessoas tem o hábito de reclamar que o mundo está perdido, que não tem mais jeito. Se cada pessoa passar a fazer algo de bom para outra pessoa, se trabalharem sem apenas visar o lucro, não tenho duvida que o mundo muda, sei que pode parecer utópico mas eu sei por mim mesmo que a cada trabalho voluntário que se realiza você muda, todo trabalho que é feito com amor é capaz de transformar qualquer pessoa.

Lembro-me que quando servi como missionário pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias (Mórmons) por dois anos de 2006 a 2008 no estado de Santa Catarina. Um homem na cidade de Criciúma me perguntou por que eu fazia aquilo, ficar dois anos fora de casa sem ter contato com a família, lembro que minha resposta foi: Por que quando eu voltar, serei um filho melhor, uma irmão melhor , um amigo melhor, um pai melhor e um cidadão melhor, não é possível desejar um mundo melhor e esperar que comece pelos outros 

O Regional: Quantos hospitais que estão com vítimas internadas?
Fernando: Hoje existem na cidade 3 hospitais com pessoas internadas, além de um em Porto Alegre. Sou coordenador de voluntários do maior deles onde está o maior número de internados, o Hospital de Caridade.

O Regional: Qual o aprendizado que você conquistou diante dessa tragédia?
Fernando: Acho que cabe bem plagiar Renato Russo nesse momento: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã".
Ainda existe muita gente boa, muitas pessoas dispostas, aprendi que ainda é possível contar com as pessoas.


Fonte: http://www.oregional.com.br/portal/detalhe-noticia.asp?Not=296853

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