O judeu Jeff Jacoby fala sobre o Batismo pelos Mortos praticado pel'A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
Por Jeff Jacoby
Em uma coluna há muitos anos, eu descrevi como certa vez tentei mapear a árvore genealógica da família. Grande parte da família de meu pai foi morta em Auschwitz e meus esforços para traçar sua genealogia me deixou, como escrevi, com uma árvore genealógica com “tocos onde deveria haver galhos” e que “fica mais estreita, e não maior, à medida que cresce”.
Uma mulher me telefonou na manhã em que a coluna foi publicada. Ela disse que era mórmon e que queria adicionar os nomes dos parentes massacrados de meu pai –a coluna mencionou em torno de 18 deles pelo nome– aos vastos arquivos genealógicos da Igreja Mórmon. Eu disse para ela que certamente não fazia objeção; de fato, eu me sentia grato por qualquer gesto que pudesse ajudar a preservar a memória desses parentes cujas vidas foram tão cruelmente abreviadas.
Na época eu não sabia nada sobre o “batismo póstumo”, o ritual que os mórmons acreditam que dá até mesmo às almas no além uma chance de aceitar sua fé, e assim entrar no Reino dos Céus. Apenas posteriormente eu descobri que alguns mórmons, ávidos em salvar as almas dos judeus mortos, passaram a submeter os nomes das vítimas do Holocausto ao batismo póstumo.
A descoberta não me perturbou nem um pouco. No judaísmo, a conversão após a morte é um conceito sem significado; nenhum ritual “após o fato” neste mundo pode mudar o judaísmo de homens, mulheres, crianças e bebês a quem os nazistas, em seu ódio obsessivo, destacaram para o extermínio. Eu considerei a crença dos mórmons excêntrica, não ofensiva. No meu entender, seus esforços para disponibilizar a salvação para milhões de estranhos mortos eram ineficazes. Mas eram sinceros e com intenção benevolente.
Outros judeus, entretanto, ficaram ofendidos. Houve comoção em torno do assunto nos anos 90, e em resposta a Igreja Mórmon proibiu formalmente o batismo póstumo de judeus que foram vítimas do Holocausto. De modo geral a proibição é respeitada, mas há violações ocasionais da política da Igreja, e o assunto está de volta após a notícia de que Anne Frank, que morreu aos 15 anos no campo de concentração de Bergen-Belsen, foi recentemente batizada postumamente em um templo mórmon na República Dominicana. Os parentes de Elie Wiesel, o sobrevivente do Holocausto, e os pais do falecido caçador de nazistas, Simon Wiesenthal, também foram submetidos ao batismo póstumo.
Assim, agora há toda uma nova comoção, com alguns judeus proeminentes novamente expressando indignação.
“As vítimas do Holocausto foram mortas apenas por serem judeus”, se irritou Abe Foxman, diretor nacional da Liga Antidifamação. “E então vem a Igreja Mórmon tentando remover o judaísmo delas. É como matá-las duas vezes.” O Centro Simon Wiesenthal, pronunciando-se “ultrajado”, declara que os mais recentes batismos póstumos “zombam” das relações entre judeus e mórmons. O próprio Wiesel insiste que Mitt Romney, como “o mórmon mais famoso e importante do país”, tem a obrigação moral de dizer à sua Igreja: “Pare”.
Mas se alguém deve ser ordenado a parar, são pessoas como Foxman e Wiesel, cujas reações ao assunto são indignas e injustas.
Para começar, a Igreja Mórmon prontamente pediu desculpas pela listagem de Anne Frank e outros, e reiterou firmemente sua política: “Batismos póstumos de vítimas do Holocausto são estritamente proibidos”. Demonstrar ofensa contra algo que a Igreja claramente repudiou é exibicionismo barato.
Mais odiosa é a acusação de que um “batismo” póstumo, ao qual nenhum judeu dá crédito, representa um segundo genocídio (“É como matá-las duas vezes”). Que calúnia terrível. Até mesmo para o mais zeloso mórmon, o batismo póstumo é apenas a oferta de uma opção –ele dá aos não mórmons no além uma chance de aceitar o evangelho, caso assim desejem. Não é preciso comprar a teologia –eu certamente não– para reconhecer que sua mensagem é benigna.
Como judeu, eu estou menos interessado no que outras religiões ensinam sobre o destino dos judeus no próximo mundo do que em como elas afetam o destino dos judeus neste mundo. Rafael Medoff, um estudioso da resposta americana ao Holocausto, nota que os líderes mórmons foram apoiadores abertos dos esforços para resgatar os judeus na Europa nazista, em um momento em que muitos cristãos de outras denominações se mantinham em silêncio. Por exemplo, o senador William King de Utah –um dos mórmons mais renomados de sua época– apoiou fortemente a legislação que poderia ter salvo Anne Frank e sua família.
Ultraje com o batismo póstumo? Não conte comigo. Como minha árvore genealógica podada atesta, o povo judeu tem inimigos muito perigosos e muito reais. Os mórmons realizando rituais pacíficos em seus próprios templos não estão na lista.
Fonte: noticias.bol.uol.com.br
A ignorancia da doutrina do Evangelho é que leva as pessoas a interpretar mal o batismo pelos mortos.Se soubessem que para Deus não há mortos nem vivos,mas que todos são seus filhos espirituais, a quem deu o livre arbitrio de seguir o caminho que quiser. Depois de conhecer o Bem e o Mal, as escolhas são individuais quer seja vivo ou morto .Deus é imutável e a oportunidade de salvação tem que ser para todos; os que conheceram o Evangelho e os que não tiveram a sorte de o conhecer como vivos.Como a vida é Eterna e o tempo para Deus é diferente do tempo para os homens.Haverá sempre a oportunidade de salvação para todos !!!
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