Duas irmãs cariocas abriram uma loja de moda para mórmons (santos dos últimos dias) em Utah e hoje figuram entre as dez empresárias mais bem-sucedidas dos EUA
Elas são irmãs e nasceram no Rio de Janeiro. Elas são membros d'A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. E decidiram começar um negócio nos Estados Unidos, costurando a idéia de vender roupas recatadas para mulheres mórmons – um dos mercados de moda menos servidos da época.
Elas abriram uma loja em um shopping em Murray, uma cidade em expansão em Utah, e quatro anos depois entraram para lista das 500 empresas privadas com maior crescimento nos EUA. De carona, acabaram figurando no ranking TOP 10 das mulheres donas de negócios no mercado americano.
Elas são Fernanda e Vivien Bohme e sua empresa é a butique Bohme, que deverá ter faturamento de USS$ 16 milhões neste ano, e a projeção para 2013 é praticamente dobrar esse número , alcançando US$ 28 milhões. A meta da Bohme é ter 40 lojas em 2014, ou seja, 24 a mais do que as atuais 16 da rede.
Como elas conseguiram? As irmãs dizem que o procedimento mais imediato ao abrir sua primeira loja foi identificar o que, de fato, vende ou não – sempre um detalhe essencial.
“Quando nós abrimos nossa loja, veio todo mundo além dos mórmons”, conta Vivien Bohme. “Claro, vieram também as SUDs (santos dos últimos dias), mas não foi suficiente.”
Foi então que as irmãs se deram conta que, quando elas colocavam na vitrine roupas confeccionadas com certo típico tecido americano, os produtos evaporavam da loja. O tecido? Denim. Hoje, a Bohme vende roupas de “sensualidade modesta” feitas de denim.
Outra estratégia das irmãs foi se aliar a uma empresa que ajudaria a butique a alcançar astronômicos números de crescimento. A Customer Hook desenvolveu um plano estratégico que incorporou e integrou ferramentas como marketing de e-mail, e-commerce e mídias sociais. Em dobradinha com a Customer Hook, a Bohme Boutique incrementou o número de endereços de e-mail do banco de dados da empresa de modestos mil para 100 mil.
A butique também lançou mão de palestras e análises de blogs, conseguindo disparar seu número de seguidores no Twitter e nas redes sociais, como o Facebook.
O espantoso é que tudo começou, segundo as irmãs cariocas, apenas com um cartão de crédito e débito e “muitas orações”, numa época em que Vivien tinha entrado com pedido de falência depois de uma tentativa mal-sucedida de abrir sua primeira loja. As duas obtiveram um cartão American Express com crédito de US$ 20 mil, que usaram para inaugurar uma butique, em setembro de 2008. Na inauguração, não tinha um centavo em caixa para fazer a mudança.
“Nós éramos as empreendedoras mais subfinanciadas da concorrência, abrindo uma loja com dívidas”, relata Vivien. Em um mês, a butique era a número 1 em vendas por metro quadrado do shopping. No ano seguinte abriram sua segunda loja, em Salt Lake City, a capital do estado, e depois dela, outras 14, em diferentes estados americanos.
E a recessão americana? “Nós não a sentimos”, festeja Vivien. “Talvez porque nós não tentamos empurrar moda goela abaixo das clientes. Nós observamos o que as mulheres vestem, e então nós tentamos conseguir o mesmo tipo de look por preço menor.”
As irmãs dizem estar cansadas de ouvir que as mulheres de Utah não costumam estar na moda. “O fato é que temos uma cena de moda própria, somos mais conservadoras, mas com um toque especial. Nós somos diferentes, assim nós nos sentimos.”
Matéria veiculada na Revista Forbes Brasil.
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