Irmão Alexandre Ferreira Ribeiro |
Votorantim, entrada do Parque São João, por volta das 17h30 de terça-feira. Um motociclista teve parte do pescoço cortado por linha com cerol e "não perdeu a vida por Deus", como teriam dito os socorristas à vítima. O operador de máquinas, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conselheiro do Bispado da Ala Votorantim, Alexandre Ferreira Ribeiro, 33 anos, está afastado do trabalho para se recuperar, e ainda com uma sonda no pescoço, declara ter tomado a decisão de vender a moto. "Não é justo, mas por causa das pessoas que usam cerol não quero mais ser prejudicado", lamentou.
A decisão de vender a moto vai alterar o cotidiano da família Ribeiro. Afirma que além de gostar desse tipo de veículo, o custo reduzido de gastos com combustível possibilita que inclusive vá buscar a esposa no trabalho diariamente, como estava fazendo na ocasião do acidente. Na terça-feira foi a segunda vez que Alexandre feriu-se com cerol. A primeira, há alguns anos, ele reconhece que a moto estava sem a antena para cortar linha, já na terça-feira, ele declara que o veículo estava equipado com a antena, mas crê que a linha tenha caído entre a proteção e seu corpo.
"O sangue que saía não era líquido, mas em pelotas", recorda. Declara que a esposa, da garupa, avisou e ele reagiu ao corte pondo a mão no pescoço e teve até o dedo cortado pela linha, mas evitou um ferimento ainda mais profundo e fatal. Segundo ele, na hora não sentiu nada, mas momentos depois começou a queimar. Um homem que passava perto deu uma camiseta para que estancasse o sangramento. Quando os socorristas chegaram disseram que precisariam tirar a camiseta já encharcada com sangue, mas desistiram quando viram o volume de sangue que espirrava do ferimento e optaram por enfaixar o pescoço por cima da camiseta. "A linha passou como faca", campara. Fez cirurgias para recuperar veias e nervos. Passa bem e não perdeu movimentos.
O período de férias escolares costuma ser preocupante para os motociclistas. É nessa época que muitas crianças e adolescentes aproveitam o tempo livre para soltar pipas. O problema é que a brincadeira já virou competição e não basta empinar a própria pipa - é preciso, também, derrubar as concorrentes. Para isso, muitos meninos utilizam linha com cerol, e esse material cortante causa acidentes.
Recentemente, na região de Sorocaba, o cerol fez duas vítimas. Uma delas levou 35 pontos após ser atingida por uma linha que estava estendida na rua. Na cidade, a lei que proíbe o uso da linha cortante está em vigor desde 2008. De acordo com informações da Prefeitura de Sorocaba, o cerol causa 100 acidentes por ano e, de cada quatro vítimas atingidas, uma morre em decorrência dos ferimentos causados pelo material.
A multa para os pais, quando os filhos forem flagrados utilizando o material, é de R$ 1.216,71.
Além das fiscalizações, a Guarda Civil Municipal também faz palestras de orientação em escolas. Os interessados podem solicitar a visita dos guardas pelo telefone (15) 3238-2536.
O uso de cerol é proibido por leis estadual e municipais. A lei estadual 12.192/06 prevê multa de cinco Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufirs), o que equivale a R$ 87,25. Em Votorantim, a lei 1.277/97 estipula multa de dez Ufirs, correspondentes a R$ 147,50. A punição sorocabana é maior, com multa de R$ 1.216,71, de acordo com lei em vigor desde 2008. Nestes três anos houve 102 autuações em Sorocaba, 57 delas em 2011. As linhas são vistoriadas por funcionários do setor de fiscalização da Prefeitura, com acompanhamento do Conselho Tutelar e Guarda Municipal. O maior número de flagrantes ocorre em praças e parques.
REPORTAGEM LOCAL:
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul-Sorocaba,SP-23-07-2011
Colaboração: Irmão FERNANDO CESAR DE ALMEIDA
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