Junta militar toma poder no Mali. E as eleições como ficarão?
Sobre o Golpe
A junta militar que tomou o poder no Mali anunciou que deu fim ao que classificou de "regime incompetente" instalado em Bamaco e anunciou a dissolução de todas as instituições, assim como a suspensão da Constituição e um toque recolher, em um anúncio feito por rádio e televisão.
O tenente Amadou Konare, porta-voz dos golpistas, afirmou que os militares atuaram diante da incapacidade do regime do presidente Amadou Toumani Touré para administrar crise na região norte do país, ante uma rebelião tuaregue e as atividades de grupos islamitas armados desde meados de janeiro.
O tenente Konare, cercado por uma dezena de militares, falava em nome da junta que tomou o poder, o Comitê Nacional para a Recuperação da Democracia e a Restauração do Estado (CNRDRE). Há relatos de que 50 militares fiéis ao regime teriam morrido em confrontos.
Sobre as Eleições
O interessante é que o golpe foi dado um mês antes das eleições presidenciais. A União Europeia (UE) condenou o golpe de Estado e pediu a volta da ordem constitucional.
"Condenamos o golpe de Estado militar e a suspensão da Constituição. É necessário restaurar as normas constitucionais o mais rápido possível", afirmou Michael Mann, porta-voz da chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton.
O ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, pediu o restabelecimento da ordem constitucional no Mali e defendeu a convocação de eleições o mais rápido possível.
Sobre Yeah Samake
O Candidato Yeah Samake, que é santo dos últimos dias, estava concorrendo às eleições da República do Mali. Samake é prefeito da cidade de Ouelessebougou e fez uma gestão muito eficiente no comando do município. Sua vitória nas urnas do Mali é pouco provável, devido seu nome ser ainda pouco conhecido no país, mas ele tem feito muitos esforços para conseguir mais apoios e projeção. Na realidade ele é o candidato à presidência do Mali mais falado fora do país do que dentro dele, sendo que os candidatos Ibrahim Boubacar Keita, ex-primeiro ministro e Dioncounda Traoré, presidente da Assembléia Nacional, são mais falados no país. Entretanto este golpe a 38 dias das eleições pode por a escolha de um novo líder por água abaixo.
Sem pesquisas de opinião na República do Mali, é impossível saber quem está na liderança. Mas, dada a falta de cobertura da mídia e reconhecimento do seu nome, dado também o fato de que sua experiência política é limitada a três anos como prefeito de uma cidade interiorana e dado o fato de que ele é contra as principais figuras políticas (incluindo pelo menos cinco ex-primeiros ministros) apoiados pelos principais partidos nacionais, vamos chamar a candidatura presidencial de Samake como um "investimento a longo prazo", ainda mais com este golpe dos militares.
Diferente de Mitt Romney nos EUA, sua fé não tem se tornado um problema para ele na política. Pelo mesmo até agora! Pois, talvez ele, simplesmente, não foi tão levado a sério como candidato a um cargo nacional em um país amplamente muçulmano.
Aconteça o que acontecer na eleição, uma coisa é certa. Vai ter que se destacar muito mais do que um homem - seja ele honesto, dedicado e talentoso como Samake - para mudar a cultura política do Mali e sua raiz recheada de conflitos, cinismo e anti-progresso. Mas talvez, Samake irá inspirar outros reformadores para entrarem neste perigoso jogo político, e provar ser um prenúncio de um futuro mais esperançoso para um dos países mais pobres do mundo. A continuação do processo eleitoral maliano é ainda muito improvável.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é neutra politicamente.
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