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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O jeito Mórmon de fazer negócios - Na Revista Isto É Dinheiro

Como uma doutrina religiosa é capaz de criar empresários e executivos de sucesso.

Por Rodrigo CAETANO
Reportagem do Isto É Dinheiro
Eles não bebem, não fumam, não usam drogas nem tomam café. Andam invariavelmente com camisas de manga curta e gravata. Os cabelos são impecavelmente penteados. Trabalham duro, muito duro. E estudam nas melhores universidades. A família é o que há de mais importante em suas vidas. Essa é a descrição dos seguidores da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecidos como mórmons. Criada no início do século 19 nos Estados Unidos, a religião espalhou-se por praticamente o mundo todo, inclusive no Brasil – onde tem 200 mil seguidores (segundo último censo, entretanto os registros da Igreja contam com mais de 1 milhão de membros). O seu vasto império comercial é avaliado em US$ 40 bilhões. 

Dona de diversos negócios com fins lucrativos, organizados sob a holding DMC, com sede em Salt Lake City, no Estado de Utah, a empresa conta com seis subsidiárias, que controlam 11 estações de rádio, uma emissora de tevê, diversas empresas de mídia impressa e digital, além de uma prestadora de serviço de hospitalidade e uma seguradora, com mais de US$ 3,3 bilhões em ativos. Neste ano, inaugurou um shopping que custou US$ 2 bilhões em sua terra natal, onde está localizado o maior templo da Igreja, com capacidade para sete mil fiéis. É fácil entender por que os mórmons têm tantas posses. Eles podem ser considerados a mais capitalista das religiões – embora outras, como a calvinista, abençoem o lucro e estimulem seus seguidores a enriquecer, ela difere na forma como está organizada, semelhante à de uma corporação. 

Seus dogmas seguem conceitos que são muito apreciados no mundo dos negócios. Por essas razões, boa parte de seus fiéis são empreendedores de sucesso ou executivos bem-sucedidos em grandes empresas. No Brasil, pode-se citar o empresário paulista Carlos Wizard Martins, presidente do grupo Multi, dono de várias escolas de idioma e de informática, como a Wizard e S.O.S Computadores, cuja receita ultrapassa os R$ 3 bilhões. O brasileiro David Neeleman, que criou a companhia aérea Azul, atualmente dona de uma fatia de 10% do mercado de aviação civil nacional, é outro mórmon de destaque. Ele nasceu no Brasil, quando seu pai cumpria uma missão no País. Mais tarde, ele próprio foi missionário no Rio de Janeiro e no Nordeste. 

A lista inclui o gaúcho Francisco Valim, que tem o desafio de fazer a empresa de telefonia Oi crescer novamente. “Desde pequenos aprendemos a liderar e a lidar com a rejeição”, afirma Martins, referindo-se ao fato de pertencer a uma confissão minoritária. “Isso ajuda muito na hora de enfrentar o mercado de trabalho.” Nos Estados Unidos, destacam-se o candidato republicano à Presidência Mitt Romney, fundador da Bain Capital, empresa de private equity com uma carteira de investimentos superior a US$ 60 bilhões. Outro bilionário mórmon é Jon Huntsman, filho do fundador da Huntsman Corporation, gigante da indústria química, com valor de US$ 11 bilhões na bolsa de Nova York. 

Quem também contribui com 10% de seus rendimentos à igreja é J.W. Marriot, presidente da cadeia de hotéis Marriot. Assim como para os católicos um dogma importante é acreditar na Santíssima Trindade, os mórmons são doutrinados pelo trabalho. Para seus devotos, trabalhar é uma obrigação espiritual, como ir à missa aos domingos e rezar o Pai Nosso é para os súditos do papa Bento XVI. O sucesso nos negócios, portanto, nada mais é do que um sinal de que o indivíduo está seguindo os mandamentos da Igreja. “Uma coisa que aprendemos é ser perseverantes”, afirma o mórmon Paulo Kretly, presidente da consultoria americana de treinamento FranklinCovey, no Brasil. “Dessa maneira, conseguimos o sucesso que algumas pessoas não alcançam por falta de paciência.” 

Nascido em uma família humilde — seu pai não chegou a completar o segundo grau —, Kretly precisou conciliar a carreira com os estudos e o trabalho voluntário na Igreja. Mesmo com as dificuldades, completou o mestrado e iniciou um doutorado. Essa firmeza e essa obstinação de objetivos são injetadas desde muito cedo aos fiéis. Aos 8 anos, eles são incentivados a fazer pequenos discursos nas igrejas, para perderem o medo de falar em público. Aos 19 anos, recebem um “choque de gestão” ao se alistarem nas missões. Voluntariamente, eles abandonam o convívio familiar e são encarregados da evangelização e conquista de novos adeptos, na maioria das vezes no Exterior. Antes de embarcarem, os missionários passam por um centro de treinamento, no qual aprendem a “vender” a religião. 

Durante a missão, que dura dois anos, podem entrar em contato com a família apenas duas vezes. “É uma experiência muito difícil, uma vez que temos de sair de casa para enfrentar o desconhecido”, afirma o mórmon Paulo Amorim, ex-sócio da Korn Ferry e atual presidente da Alexander Proudfoot, consultoria especializada em produtividade, na América Latina. “Quando voltamos, no entanto, somos capazes de vender qualquer coisa.” Com passagem pela Autolatina, fusão da Volkswagen com a Ford, no Brasil, nos anos 1980, e pela americana Pepsico, Amorim se especializou em trabalhar na formatação de grandes transações. Um exemplo em que esteve envolvido foi na consolidação das operações das Pizza Hut e KFC no Brasil. 

Jargões corporativos, como “coaching”, e palavras como liderança e conselho consultivo são também comuns para explicar o funcionamento da Igreja Mórmon. “A organização da Igreja é perfeita”, afirma Carlos Martins, do grupo Multi. “Qualquer empresa que adotá-la será bem-sucedida.” Foi o que fez Martins, quando começou, em 1987, a dar aulas particulares de inglês em Curitiba. Ele usou o método de ensino mórmon para aprender idiomas, que promete que qualquer um pode falar outra língua rapidamente. Tanto que, na ocasião, o empresário adotava o slogan “Inglês em 24 horas” como chamariz para atrair clientes. Um quarto de século depois, Martins é dono da maior rede de ensino de idiomas do País, que conta com 700 mil alunos. Tudo construído na base dos preceitos mórmons, com persistência e muito trabalho duro.

9 comentários:

  1. Eles estão certos. Ser útil na sociedade em que se está inserido. Parabéns, portanto, aos Mórmons.

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  2. Isso prova que trabalho duro + honestidade + dízimo resultam em Sucesso. Somos previlegiados por servir e aprender que os preceitos espirituais se fazem reais em nossa vida profissinal.

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  3. Estou impressionado!!

    Muito Agradecido pelos direcionamentos!!


    Pedro Mizcci Majeau
    WEB Marketer
    Especialista em Prospecção de Clientes e Captação de Alunos

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  4. Estou impressionado!!!

    Muito Agradecido pelos direcionamentos!!


    Pedro Mizcci Majeau
    WEB Marketer
    Especialista em Prospecção de Clientes e Captação de Alunos

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  5. Só não gostei de um do termo "Vender" o evangelho.

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  6. Desde o primeiro dia que coloquei meus pés na Igreja (com 14 anos) vi a importância que a Igreja dá a educação, ao trabalho digno, a honestidade e ao valor da Família. Um mórmon fiel pauta a vida em princípios eternos, entre eles o da Auto-Suficiência. Um abraço, Derek (Vale S.A.)

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  7. Uma diferença importante, é que Á Igreja nao prega o "evangelho de prosperidade" (Prosperity Gospel) ou seja, Ela não prometa que se dá tudo à Igreja, virá rico. Muitos, tantos pobres como ricos, são membros fiés. Muitos membros ativos fazem sua parte, mas não viram ricos - alguns até são dependente da Igreja por sustento. A Igreja prega auto-suficiencia e a honra de trabalho árduo, tradiçoes que vem dos pioneiros que uniu-se da igreja quando era nova, mas a resultado não é de sempre ficar rico.

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  8. "Não havendo bois, o estábulo fica limpo, mas pela força do boi há abundância de colheiras". (Prov. 14:4) O Senhor nos torna responsáveis pelas Bênçãos que nos dá e, que por sua vez, por meio do emprego delas no trabalho se revertem em mais Bênçãos. Nós, os "Mórmons", na verdade Membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, não estamos imunes aos percalços e desafios da mortalidade, nem acima de qualquer outro filho do Senhor. A questão é que, discernir entre o que é a vontade do Senhor e doutrinas humanas faz toda a diferença.

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  9. Murilo, será que todos esses são dizimistas? Como funciona isso para vocês? Os mórmons ativos são todos dizimistas? Carlos Martins e Mitt Romney sei que são, mas a reportagem fala como se todos os mórmons ativos fossem dizimistas.

    Concordo com o comentário da Melissa: "Isso prova que trabalho duro + honestidade + dízimo resultam em Sucesso." E acrescento "disciplina" a essa lista. Quem dera todos os cristãos seguissem o exemplo.

    Abraços!

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