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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Das aulas particulares de inglês a empreendedor de sucesso - Entrevista com Carlos Martins Wizard

Para quem acredita no que faz, o sucesso nos negócios pode estar mais próximo do que se imagina. Carlos Martins, proprietário do Grupo Multi, que controla as marcas Wizard, Yázigi, Skill, Microlins, SOS e Bit Company, entre outras, começou sua empresa há mais de 20 anos lecionando aulas particulares na sala de sua casa.

Carlos é membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Dez por cento de tudo o que ganha vai para igreja. Como prega a religião, não fuma e não bebe. Casado há trinta anos, tem seis filhos. Aos 17 anos, foi aperfeiçoar o inglês nos Estados Unidos e conheceu os métodos de ensino de idiomas do maior centro mórmom do país, a Brigham Young University, em Salt Lake City. No final da década de 1980, voltou ao Brasil como executivo de uma empresa de papel e celulose, em Campinas. Atendendo a pedidos dos colegas de trabalho, começou a dar aulas particulares de inglês, após o expediente.

Tempos depois, contrariando os conselhos de muitos amigos, decidiu deixar o emprego e abrir a escola de inglês Wizard, apesar da época turbulenta que economia brasileira atravessava, marcada pela escalada dos preços e por uma série de planos econômicos que não deram certo.

A Wizard foi a pioneira no conglomerado Grupo Multi, que hoje reúne diversas marcas de escolas de ensino de idiomas, profissionalizante e de informática. No final de 2010, o grupo adquiriu a Yázigi e encerrou 2010 com receita total - incluindo franqueadora e unidades franqueadas - de 2,3 bilhões de reais e um total de 45 mil funcionários.
Como resultado de toda esta trajetória, Carlos incorporou Wizard ao seu nome.

Nesta entrevista ao movimento Brasil: Presença na Gestão que Dá Certo, Carlos Wizard Martins conta como desenvolveu o modelo de gestão que transformou o Grupo Multi numa multinacional brasileira.

Como você avalia a evolução de sua empresa?
Acredito que antes de uma empresa ser bem-sucedida, ela precisa ser uma atividade geradora de renda. Toda empresa tem a cara do dono. Se o dono é um empreendedor, todas as ações serão no sentido de promover a expansão do negócio.

E com as demais empresas do grupo, funciona da mesma maneira? Quais as mudanças que a empresa promoveu para fazer essa evolução?
O maior desafio em um processo de aquisição é manter o DNA existente do core business, valorizar as pessoas que fizeram o negócio crescer e dar um atendimento ainda melhor ao cliente. Quem conseguir atingir estes três objetivos terá êxito num processo de aquisição.

Como você define sua liderança? Quais os pontos fortes? Dentro desse espírito empreendedor, você decide sozinho suas estratégias de crescimento? Como e por que tomou esses caminhos de crescimento?
Eu me considero um administrador muito objetivo e racional. Porém, para ser bem-sucedido, o executivo precisa equilibrar o seu lado racional e o emocional. Confio muito na formação de pessoas, qualificação da equipe e valorização do ser humano. Ninguém jamais realizou algo grande sozinho. Por isso, todas as estratégias do grupo são tomadas em consenso com os demais gestores e clientes líderes no sistema. É a forma mais inteligente e racional de se administrar.

Como administrar bem as franquias, um enorme desafio quando se fala em educação, que é serviço, não produto, e que depende demais da interação fornecedor- cliente?
Eu considero o sistema de franchising a forma mais segura e rentável para alguém que queira ter o negocio próprio. O investimento em treinamento no parceiro e suas equipes é uma constante. Manter o bom relacionamento é essencial. Quem não tiver esta visão não terá vida longa no mercado.

Como o Grupo lida com a Internacionalização?
A globalização nos mostrou que o mercado é muito maior do que os limites territoriais de nosso País. Este passo exige experiência, competência e profissionalismo. Internacionalização sem estes critérios é um tiro no escuro.

E sua opinião sobre as recentes aquisições?
Se você pretender alcançar e manter a liderança, este é o caminho. Ou você lidera ou será liderado.

Quais os tipos de profissionais que fazem parte da empresa? Como a empresa retém esses talentos?
Somos uma grande escola de empreendedores. Buscamos talentos empresariais e formamos profissionais nesta área. Portanto, a habilidade de inspirar e motivar as pessoas é um talento que valorizamos muito. Também sabemos que dificilmente encontramos profissionais 100% preparados no mercado. Na maioria das vezes, contratamos pelo histórico e potencial que o indivíduo possui e depois trabalhamos juntos para lapidar este diamante. Vários são os casos também de estudantes universitários que vieram para o grupo como estagiários e, por meio de seu empenho e dedicação pessoal alcançaram níveis superiores na hierarquia da empresa. Como manter estes talentos? Remuneração, reconhecimento e oportunidade de crescimento. Somente salário não é suficiente para segurar talentos na área de gestão.

Quais os principais desafios que a empresa já enfrentou?
A expansão internacional sempre é um grande desafio. Erramos no passado quando abrimos uma escola para mil alunos no centro de Orlando, Flórida. Adquirimos um imóvel por US$ 1 milhão. Ficamos com a escola por três anos e nunca atingimos 100 alunos. Foi um período marcado por prejuízos. Esta foi uma lição cara que aprendemos. Quando for para um novo país tenha um parceiro local. Ele conhece a cultura, as melhores práticas e caminhos para se alcançar o sucesso mais rapidamente. Atualmente estamos em dez países, todos com parceiros locais.

Quais os diferenciais que fizeram com que a empresa se destacasse no setor de Educação?
Tive a oportunidade de atuar como instrutor de português na Universidade Brigham Young, em Utah. Esta experiência profissional e acadêmica foi o berço da metodologia de ensino que adotamos. Desde o início buscamos nossos primeiros franqueados entre os candidatos apaixonados pela área de Educação. Mais tarde expandimos nosso leque de atuação para cursos técnicos e profissionalizantes. Ano passado lançamos o conceito de ensino de português e matemática como complemento escolar. Portanto, assumimos a educação como uma missão empresarial.

Quais os planos futuros da empresa?
Temos como objetivo ser o maior grupo no setor de educação deste País. Para isso, possivelmente em 2011 faremos a aquisição de um negocio na área de sistema de ensino. Ou seja, desejamos fornecer materiais didáticos para colégios de ensino fundamental e médio.

Qual a importância da inovação tecnológica para a holding?
O avanço tecnológico é irreversível. Estamos atentos às tendências mundiais de ensino a distância, não somente como uma atividade isolada, mas também como um complemento ao ensino presencial. Além disso, entendemos que o aluno atual busca a mobilidade do conhecimento. Com a facilidade de acesso da internet em qualquer telefone celular, a pessoa pode estar em qualquer lugar do planeta e ter acesso ao conhecimento desejado. Este é um ótimo desafio para as empresas líderes em seus setores.

Quais as alianças estratégicas fundamentais para o crescimento da empresa?
As empresas maduras fazem geralmente três modalidades de alianças estratégicas: com fornecedores, com mão de obra terceirizada e associação de marcas para atendimento de um público específico.

Como a empresa trata a questão da governança corporativa? E da sustentabilidade nos negócios?
Todo empreendedor que viu sua empresa nascer passa pelo processo de descentralização. Ou seja, a empresa deixa de ser uma organização familiar para assumir uma postura de gestão corporativa. Neste momento a delegação, a confiança e acompanhamento são essenciais para permitir o crescimento do negócio. Os executivos precisam de espaço e autonomia para aplicar seu talento a favor da organização.

Qual é o modelo de gestão que a empresa adota? Gestão do conhecimento? Por competências?
Somos um grupo muito focado em resultados. Os profissionais que fazem parte do Grupo Multi entendem que nada substitui os resultados e metas da empresa. Quem tem esta visão alcança os melhores níveis de remuneração, premiação e fidelização no sistema.

A empresa tem planos para abrir capital em 2012. Como está se preparando para isso?
A abertura de capital de toda empresa é um sinal de maturidade e de oportunidade de mercado. Neste sentido temos feito aquisições importantes, estamos consolidando empresas e preparando a estrutura corporativa. Acreditamos que estamos no rumo certo. O sucesso acontece quando a preparação encontra uma oportunidade.

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